Gosto Muito Deste Texto
sexta-feira, fevereiro 17, 2012"Já perdi a conta às vezes que os meus avós me dizem que antigamente viviam com muito pouco e que eram muito mais felizes do que a nossa geração. Iam a pé para o trabalho, lavavam roupa à mão, comer carne ou peixe eram luxos, mas levavam a vida com uma "leveza" que hoje somos incapazes de ter. Havia tempo para conversar, para jogos de cartas, para cantar enquanto se faziam os trabalhos do campo. A vida era dura, mas as pessoas não passavam o tempo a pensar que queriam mais e mais. Acho mesmo que é aí que reside a diferença entre nós e a geração dos nossos avós. Hoje somos incapazes de nos conformar que há coisas na nossa vida que provavelmente nunca irão acontecer, e por isso sofremos. Não podemos viajar sofremos, não podemos ter um carro xpto sofremos, não há dinheiro para ter roupa da nova colecção ficamos frustrados...enfim, a nossa vida diária é uma luta constante porque nunca conseguimos estar em paz com quem somos e com o que temos. Não digo que seria feliz sem carro, sem máquina de lavar roupa, sem internet. Estamos habituados a isso e claro que seria difícil ter de viver sem todas essas facilidades, mas será que o facto de querermos sempre mais e mais não nos deixa aproveitar a vida?
Atenção, não quero dizer que devemos desistir dos nossos sonhos, nunca direi isso, mas apenas para vivermos em paz com o facto de que muitos deles nunca serão possíveis e que outros não vão acontecer já. Vejam o meu exemplo, tenho o sonho completamente absurdo de poder viver em N.Y, e não me venham dizer para não desistir dele porque sei que nem que trabalhe no duro toda a vida, ele se concretizará. É apenas um sonho, e ficará nesse departamento.
A tão falada crise não é não poder ir ao restaurante ou comprar roupa nova, é haver pessoas que já sentem dificuldades em pôr comida na mesa, pagar o infantário dos filhos e outras tantas prestações como as do carro, casa. O período difícil pelo qual estamos a passar está realmente a afectar minha forma de olhar a vida. Dou valor aos pequenos prazeres que ainda posso ter, como por exemplo o passeio que fiz com a Pepper a semana passada, as idas ao parque com o F. e a Matilde, jantar fora de tempos a tempos. Não é a conversa tipíca de que são as pequenas coisas que importam, mas o facto é que se a minha vida não me permite neste momento ter muitas coisas que desejo, não posso passar o tempo a lamentar-me.
Acho que o problema da maioria das pessoas é querer tudo para ontem, e como não consegue, vive frustrada todos os dias e nunca está em paz com a vida que tem. Só sabe olhar para quem tem mais e sofre porque não consegue alcançar o mesmo. Encaremos a verdade, por mais que queiramos e até sejamos merecedores de certas coisas, há muitos de nós que por mais que se matem a trabalhar e a lutar nunca as conseguirão. É a vida. Injusta por vezes, mas é mesmo assim. Acho que se conseguirmos encarar essa verdade de frente seremos muito mais felizes. Nunca seremos todos iguais e nunca teremos todos as mesmas oportunidades. Utopias são muito bonitas, mas serão sempre utopias..."
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